FRACAS, abreviação em inglês de "Failure Reporting, Analysis, and Corrective Action System", que significa Sistema de Notificação de Falhas, Análise e Ações Corretivas. A palavra teve origem no Departamento de Defesa dos Estados Unidos e foi originalmente utilizada na norma militar MIL-STD-2155 de 1985.
O que é o FRACAS?
O FRACAS é um processo projetado para abordar e aprimorar o ciclo de vida dos ativos ao identificar falhas, descobrir suas causas e implementar soluções eficazes. É composto por três fases principais:
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Notificação de Falhas (FR): As falhas são formalmente documentadas usando um relatório padronizado. Esse relatório contém detalhes essenciais, como o ativo afetado, os sintomas observados, as condições de teste e operação, e o momento da falha.
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Análise (A): Se realiza uma análise de causa raiz para determinar os fatores subjacentes à falha. Esta fase é crucial para compreender os elementos precisos que contribuíram para a falha.
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Ações Corretivas (CA): Após isolar as causas, são planejadas e implementadas ações corretivas para corrigir o problema e prevenir futuras ocorrências. Essas ações são documentadas para garantir consistência e conformidade com os padrões.
A utilização de um software como o Fracttal One para gerenciar múltiplos relatórios de falhas, melhora a eficiência do processo FRACAS. Ao gerar um registro histórico de falhas e das ações corretivas correspondentes, as informações passadas se tornam um recurso valioso para análise e melhoria contínua.
As três fases do FRACAS
A metodologia FRACAS auxilia as empresas a otimizarem o desempenho dos ativos ao longo de seu ciclo de vida, desde o design até a disposição, por meio de decisões informadas e resolução sistemática de problemas.
1. Notificação de falhas
O FRACAS começa com uma minuciosa notificação de falhas, coletando informações essenciais sobre os incidentes, suas causas e possíveis soluções. Esses relatórios variam em detalhes, adaptados para atender às diferentes necessidades das empresas e indústrias. Os componentes padrão incluem marcas de tempo dos incidentes, equipe envolvida, detalhes dos eventos, ações corretivas e medidas preventivas.
A integração de um software de gestão de manutenção e serviços (CMMS) melhora o acesso aos dados para as notificações de falhas e incidentes, agilizando a coleta de informações. Em uma sequência típica do FRACAS, a captura de dados assume prioridade, já que o CMMS demanda perguntas padronizadas para identificar falhas, avaliar impactos e documentar as ações tomadas.
Sim, temos acima a descrição perfeita da análise de uma ordem de serviço, onde também são coletados dados adicionais como custos, tempo de inatividade, uso de inventário e implicações na qualidade decorrentes das falhas.
Componentes chave dos relatórios do FRACAS
O centro desse enfoque está na definição de dados essenciais para os relatórios de incidentes. Inicialmente, o foco é reunir informações abrangentes sobre a detecção de falhas e suas causas. Os componentes críticos são:
- Data e hora da falha;
- Quem descobriu e informou;
- Descrição completa da falha;
- Ações corretivas executadas;
- Recomendações para prevenir a recorrência da falha.
O registro adequado e completo dos problemas no sistema FRACAS é fundamental. A acessibilidade e a capacidade de navegação da equipe são essenciais para essa apresentação em tempo real.
2. Análise
Após a coleta de dados, o foco se volta para o estudo das origens da falha, um processo crucial para descobrir a causa principal. Esta fase de análise é a base para desenvolver soluções duradouras, geralmente conduzidas por especialistas técnicos, engenheiros ou líderes de equipe, que buscam compreender a razão subjacente por trás da falha.
Em casos complexos, muitas vezes é necessário reunir uma equipe competente, potencialmente aproveitando a expertise dentro da organização, de fornecedores ou dos fabricantes originais (OEMs). Além disso, são examinados dados do CMMS, como o tempo médio entre falhas (MTBF) e o tempo médio de reparo (MTTR).
A fase de análise impulsiona a busca pelas causas principais, onde cada relatório de falha atua como uma chave que desbloqueia ideias sobre possíveis fraquezas sistêmicas. Ao confiar a tarefa a profissionais habilidosos, as organizações obtêm um guia que direciona para ações corretivas e preventivas ótimas, que seriam o próximo passo.
3. Ação corretiva
A conclusão do processo FRACAS envolve a fase crucial de implementar ações corretivas e garantir uma resolução abrangente. Depois de desvendar as origens da falha e conceber uma estratégia corretiva, o último passo envolve a execução de medidas específicas para corrigir o problema. Essas medidas são desenvolvidas meticulosamente, documentadas e postas em prática, seguidas por testes rigorosos para validar sua eficácia.
É fundamental reconhecer que o modelo FRACAS opera como um sistema de circuito fechado. A fase conclusiva da ação corretiva marca o ponto em que um caso supera seu desafio e é encerrado. Essa transição ocorre somente após a implementação bem-sucedida das medidas corretivas, marcando o caso como verdadeiramente "fechado".
Como é feita a implementação do FRACAS?
O FRACAS estabelece um quadro fundamental para garantir que as falhas recorrentes de uma instalação recebam a devida atenção. Agora, naturalmente, surge a pergunta:
Como se dá o início do processo de implementação?
A implementação do FRACAS se desdobra em três fases integrais: descoberta, design e execução. Cada fase contribui para uma transição leve desde a identificação de falhas até as soluções estruturadas.
Fase da descoberta
A primeira etapa na fase de descoberta implica definir cada tarefa e identificar quem assumirá a responsabilidade. Em seguida, devem ser determinados os fluxos, estabelecendo procedimentos, processos de aprovação e tomada de decisões. Depois, é preciso definir outras informações, como modos de falha, mecanismos de falha, especificações do produto, informações de confiabilidade e históricos.
Uma vez coletadas todas as informações necessárias, é hora de estabelecer as regras observando diretrizes e regulamentos, além de integrar os componentes por meio da documentação. Após completar esta fase, é necessário possuir as propriedades de um processo FRACAS, como mostrado na tabela abaixo.
Tarefa | Responsabilidade | Informação |
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Observar a falha | Usuário/Técnico | Dados do elemento, tempo, localização |
Documentar sintomas da falha | Divisão de Testes | Descrição da falha e causa raiz esperada |
Verificar a falha | Divisão de Testes | Lista de verificação |
Isolar o elemento suspeito | Divisão de Testes | Modo de falha |
Retestar o elemento suspeito substituído | Divisão de Testes | Relatório de teste |
Verificar a falha do elemento isolado | Divisão de Testes | Descrição de reparo/relatório de verificação |
Análise da falha | Divisão de Confiabilidade | Método e relatório de análise |
Verificar histórico de falhas similares | Divisão de Confiabilidade | Dados históricos |
Determinar a causa raiz | Divisão de Confiabilidade | Identificação da causa raiz |
Determinar e incorporar ação corretiva | ERF (Equipe de Revisão de Falhas) | Resultados da análise/especificações de ação |
Verificar a eficácia da ação | ERF (Equipe de Revisão de Falhas) | Resultado de eficácia |
Fase de design
Integrar uma fase de design abrangente é fundamental para otimizar o processo. Organizações modernas geralmente utilizam software para simplificar o processo do FRACAS, garantindo sua acessibilidade e eficácia em toda a equipe.
Nesta fase, as atividades são divididas em duas categorias: tarefas centradas em documentos e atribuições baseadas em interações humanas. As tarefas com foco em documentos envolvem a observação, verificação e análise de falhas - relatórios fundamentais que impulsionam análises subsequentes. Já as tarefas centradas em interações humanas implicam a aplicação prática de ações corretivas, exigindo intervenção e habilidade manual.
Trabalho Humano | Tarefas Baseadas em Documentos |
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Isolamento | Observação de Falha |
Reavaliação | Documentação |
Verificação de Elementos | Verificação de Falha |
Determinação de Ação Corretiva | Análise de Falha |
Incorporação de Ação Corretiva | Busca de Dados |
Verificação de Eficácia | Análise da Causa Raiz |
Fase de execução
A fase de execução é o processo aguardado por todos os envolvidos, que consiste em implementar as atividades planejadas e onde os membros da equipe devem estar cientes de suas tarefas, cronogramas e métodos de atualização.
Para assegurar um acompanhamento preciso do progresso, os membros devem notificar à equipe seu status em tempo real por meio de um sistema CMMS. Isso evita ineficiências, como tarefas redundantes e interrupções desnecessárias.
Estudo de caso da ferramenta FRACAS
O processo do FRACAS ilustrado abaixo acontece no caso de uma falha nos rolamentos de um motor elétrico, onde cada etapa desempenha um papel crucial no caminho para a resolução completa:
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Passo 1 – Registro: É detectada uma anomalia no funcionamento do motor, registrada no sistema FRACAS. O erro está relacionado a um ruído anormal vindo dos rolamentos.
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Passo 2 – Atribuição: O líder da equipe de manutenção designa a investigação ao especialista em rolamentos. A análise preliminar sugere que os rolamentos podem estar desgastados ou danificados.
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Passo 3 – Análise: O especialista em rolamentos realiza uma inspeção detalhada e coleta dados sobre o histórico de manutenção do motor. Ele encontra registros de problemas anteriores com a lubrificação dos rolamentos e vibrações incomuns.
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Passo 4 – Diagnóstico: Após a análise, o especialista conclui que a falha nos rolamentos resulta de uma lubrificação insuficiente e desgaste acumulado devido a vibrações. O desalinhamento também é identificado como um fator contribuinte.
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Passo 5 – Ação corretiva: Um plano de ação é elaborado. A equipe de manutenção substitui os rolamentos danificados, realiza um alinhamento preciso e estabelece um programa de lubrificação regular e adequada. Além disso, um treinamento é planejado para a equipe de manutenção sobre a importância da lubrificação e do alinhamento.
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Passo 6 – Implementação: A equipe de manutenção executa as ações corretivas conforme o plano. Os novos rolamentos são instalados e a linha de ação segue procedimentos precisos.
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Passo 7 – Verificação: Um teste de inicialização é realizado e o motor é monitorado. As medições de vibração e temperatura permanecem dentro dos limites aceitáveis, indicando um funcionamento normal.
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Passo 8 – Encerramento: Com o motor operando sem problemas e as medidas corretivas implementadas, o caso é encerrado no sistema FRACAS. São registradas informações detalhadas das ações tomadas e dos resultados obtidos.
Este fluxo de trabalho exemplifica como o processo do FRACAS é aplicado a uma falha nos rolamentos de um motor. Desde o registro inicial até a verificação e o encerramento, cada etapa é essencial para garantir que o problema seja resolvido de forma eficiente e que sua recorrência seja evitada no futuro.
Benefícios ao implementar o FRACAS
Aumentar as tarefas de manutenção preventiva certamente é um método para reduzir eventos de falha. No entanto, essa perspectiva não representa necessariamente a melhor opção disponível. Em vez disso, priorizar a eficiência em paralelo com a eficácia pode ser mais vantajoso.
Redução de custos
Ao investigar cuidadosamente as falhas e aplicar medidas corretivas adequadas, o FRACAS pode reduzir diretamente os custos imediatos, como retrabalho na fábrica e desperdício de peças/materiais, além de mitigar gastos indiretos, como a insatisfação do cliente.
Aumento da confiabilidade
O FRACAS frequentemente atua como um incentivo para fortalecer a confiabilidade, promover a melhoria contínua de processos e otimizar as operações de manutenção. Isso é alcançado por meio do monitoramento contínuo e análise de dados dentro do framework do FRACAS, proporcionando uma avaliação concisa se os padrões de falhas anteriores foram eliminados por meio de ações corretivas.
Redução de ineficiências
O FRACAS pode gerar parâmetros que revelam possíveis ineficiências. O tempo médio entre falhas (MTBF) e o tempo médio de reparo (MTTR), por exemplo, são métricas normalmente focadas nos relatórios de falhas da equipe. Ter uma visão completa das ineficiências na planta pode levá-lo a adotar medidas concretas para resolver o problema.
Aprendizado final
Aumentar as tarefas de manutenção preventiva certamente é um método para reduzir eventos de falha. No entanto, essa perspectiva não representa necessariamente a melhor opção disponível. Em vez disso, priorizar a eficiência em paralelo com a eficácia pode ser mais vantajoso.
Existem abordagens mais inteligentes para otimizar as atividades de MP (Manutenção Preventiva) sem incorrer em gastos consideráveis. O FRACAS se destaca como um dos primeiros passos para a otimização da sua estratégia de MP. Ao identificar sistematicamente problemas e formular soluções, os processos ganham uma maior sustentabilidade a longo prazo.