A Curva da Banheira é um modelo conhecido na engenharia de confiabilidade, representando visualmente o ciclo de vida de um produto por meio de três fases distintas que se dividem em: mortalidade infantil (Fase I), vida útil (Fase II) e desgaste (Fase III).
Fase 1 - Mortalidade infantil e falhas iniciais
Durante a fase de mortalidade infantil, as taxas de falha costumam ser mais altas, mas diminuem rapidamente. Esta etapa ocorre frequentemente logo após a instalação de um novo equipamento ou sistema. Uma alta taxa de falha pode ser atribuída a defeitos de fabricação, falhas de design que podem ter sido negligenciadas durante a fase de desenvolvimento ou simplesmente à instalação incorreta do equipamento.
Nesta fase, os componentes frágeis falham, mas geralmente essas questões são identificadas e corrigidas rapidamente. À medida que esses problemas iniciais são identificados e resolvidos, a taxa de falhas diminui, resultando em um sistema mais estável e confiável ao longo do tempo.
Nas estratégias de manutenção, compreender essa fase pode orientar decisões sobre a duração da garantia, programação de manutenção preventiva e inventário de peças de reposição, já que medidas podem ser tomadas para mitigar os efeitos dessas falhas no início da vida útil.
No entanto, nesta fase, é mais comum o uso da manutenção corretiva, pois ainda não há um conhecimento profundo sobre os modos de falha do equipamento ou sistema, ou para acionar a garantia e solicitar reparos.
Fase 2 - Vida útil com falhas aleatórias
A fase de vida útil estável, também conhecida como fase de falhas aleatórias ou período de vida normal, é a segunda parte da curva da banheira e representa o período na vida útil de um sistema ou produto em que a taxa de falha se torna constante e relativamente baixa.
Durante esta fase, os defeitos iniciais foram corrigidos e o sistema entrou em um período de operação estável e previsível. As falhas ocorrem, mas são aleatórias e não estão ligadas ao envelhecimento ou desgaste. Essas falhas geralmente são devidas a fatores externos, eventos aleatórios ou fraquezas inerentes que se manifestam raramente.
A fase de vida útil estável é geralmente a parte mais longa do ciclo de vida de um produto e é a fase em que se espera que o equipamento ou sistema funcione conforme o previsto, com uma taxa de falha conhecida e aceitável.
Em termos de estratégia de manutenção, esta fase muitas vezes está alinhada com práticas de manutenção baseadas na condição ou preditivas, já que o surgimento de falhas não é previsível com base no tempo, mas sim na condição real do equipamento.
Monitoramento, inspeções regulares e resposta adequada aos sintomas ou sinais de advertência de falha são fundamentais para manter o desempenho e a confiabilidade durante esta fase.
Fase 3 - Desgaste acelerado
A fase de desgaste é a etapa final da curva e é caracterizada por um aumento na taxa de falhas devido ao envelhecimento, desgaste e outros fatores que, a longo prazo, começam a afetar o equipamento ou sistema. Abaixo, detalhamos esta fase:
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Envelhecimento e desgaste: Durante esta etapa, os efeitos acumulativos do uso, estresse, fatores ambientais e tempo começam a impactar o equipamento. Materiais podem se degradar e componentes podem se desgastar, levando a um aumento na taxa de falhas.
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Falhas previsíveis: Ao contrário das falhas aleatórias na fase de vida estável, as falhas na fase de desgaste são mais previsíveis e frequentemente seguem uma tendência. A manutenção regular pode reduzir algumas dessas falhas, mas eventualmente, o custo da manutenção contínua pode superar o valor de substituir o ativo.
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Consideração de substituição: Conforme as taxas de falhas aumentam e a manutenção se torna mais intensiva e cara, as organizações frequentemente consideram se o custo de substituir o ativo é mais econômico do que continuar nos reparos. Este é um ponto crítico no ciclo de vida do ativo.
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Gestão do fim do ciclo de vida: Esta fase pode incluir decisões sobre desmontagem, reciclagem ou disposição do ativo. Uma gestão adequada do final de vida pode ter implicações significativas nos aspectos ambientais, regulatórios e financeiros.
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Mudança na estratégia de manutenção: Durante a fase de desgaste, pode ser necessária uma mudança de manutenção preditiva ou baseada na condição para uma manutenção preventiva mais frequente. O foco pode mudar de manter o desempenho para simplesmente manter o ativo operacional pelo maior tempo possível.
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Impacto na confiabilidade e disponibilidade: À medida que o ativo entra nesta fase, sua confiabilidade e disponibilidade podem diminuir, afetando o desempenho geral do sistema e possivelmente aumentando os riscos operacionais.
Como é a representação gráfica?
Como o nome sugere, uma curva da banheira seria semelhante ao diagrama mostrado abaixo:
A importância da Curva da Banheira na manutenção
Ao adaptar abordagens de manutenção de acordo com a fase específica do ciclo de vida do ativo, conforme descrito na curva da banheira, é possível alcançar uma maior conformidade com os objetivos centrais da organização. Esse alinhamento focado é fundamental para reduzir custos, aumentar eficiência e garantir a disponibilidade ótima do ativo.
O uso de tecnologias avançadas, como sensores da Internet das Coisas (IoT) e ferramentas de análise preditiva impulsionadas pela Inteligência Artificial (IA), melhora a eficácia das estratégias de manutenção correlacionadas com a curva da banheira. Essa integração tecnológica eleva a precisão preditiva e aprimora os processos de manutenção.
A curva da banheira não apenas serve como modelo para entender a falha do ativo ao longo do tempo, mas também atua como guia para o planejamento estruturado da manutenção. Esse enfoque estruturado desempenha um papel crítico na conformidade com as diretrizes regulatórias e assegura a segurança tanto dos ativos quanto do pessoal envolvido.